Olá pessoal!
Conheci o chef Rafa Costa e Silva ano passado, durante o Rio Gastronomia (veja aqui). Desde então aguardava ansiosa pela abertura de seu restaurante em Botafogo.
Rafa estudou no The Culinary Institute of America (2003), em Nova Iorque, onde conheceu sua esposa Malena, e no IBMEC Business School, no Rio de Janeiro (1998). Trabalhou em alguns restaurantes em Nova Iorque e na Espanha, sendo sua passagem mais marcante como chef do restaurante Mugaritz, de Andoni Luis Aduriz, na Espanha, eleito em 2011 o terceiro melhor restaurante do mundo pela Restaurant Magazine.
O projeto para abrir seu próprio restaurante foi longo. Antes de abrir as portas, ele e Malena, responsável pelo salão, contaram com a ajuda de ótimos profissionais para criar duas hortas orgânicas próprias, e galinhas. Assim, abastecendo o restaurante com ingredientes frescos e, algumas vezes, exclusivos. Também aproveitou seu tempo de planejamento para estabelecer relacionamento com fornecedores locais, sempre que possível. Ele valoriza o conceito “from farm to fork” (da fazenda ao garfo) que prega a integração entre o produtor e o cozinheiro, o resgate do verdadeiro sabor dos alimentos, a sustentabilidade e a criatividade somada à inovação técnica.
O Lasai, que significa tranquilo, em basco, possui capacidade máxima de 44 lugares. Segundo o chef, ele não pretende aumentar o número de mesas. Prefere trabalhar com calma para poder oferecer o menu da melhor maneira possível aos clientes. Os melhores lugares da casa definitivamente são os 4 do balcão à frente da cozinha. Infelizmente quando fiz minha reserva os lugares já estavam ocupados, mas acho incrível ficar observando o movimento da equipe e ainda bater um papo com o chef e saber maiores detalhes dos pratos. Com certeza sentarei lá na próxima vez!
A equipe também foi super bem selecionada, são 17 só na cozinha. Dentre eles, eu já conhecia o Thiago Berton do Pipo, que também trabalhou em grandes restaurantes como Mugaritz e El Bulli (Espanha), e Dom e Maní (São Paulo). Rafael Gomes trabalhou no Eleven Madison Park e no Gramercy Tavern (Nova Iorque) e no Mirazur (França). O venezuelano Oliver Gonzalez é o sommelier e trabalhou no El Celler de Can Roca e no Mugaritz (Espanha).
Belíssimo ambiente de todo o restaurante, me deixou com vontade de morar lá. A arquitetura e a decoração estão simplesmente divinas! Começamos a noite no lounge, no segundo piso. Enquanto decidíamos o que fazer em seguida, recebemos duas belas cervejas: Morada Kölsch da cervejaria Morada Cia Etílica e a Funk IPA da cervejaria 2cabeças. Muito boas!
Em relação ao menu, há duas opções, o Festival por R$ 215, onde a equipe assume o controle e você não sabe quais serão os 14 pratos servidos e, o “Não me conte histórias” por R$ 155, no qual você escolhe 3 pratos entre as 9 opções disponíveis. Também há opção de dois menus de harmonização, um de 3 e outro de 6 etapas. Escolhemos o de 6 etapas, por R$ 150, e deixamos na mão do querido e super gentil Oliver, que tornou nossa noite ainda mais especial. Para quem não quiser a harmonização, há drinks e diversas opções de vinhos muito bem selecionados e, a melhor parte, todos são servidos em garrafa ou taça. Acho isso genial pois não são todos que conseguem beber uma garrafa inteira de vinho em um jantar. Palmas pelo conceito!
Ainda no lounge, aperitivos foram servidos enquanto curtíamos o delicioso ambiente com vista para o Cristo. O primeiro foi o crocante de arroz, tapenade de azeitonas, mini legumes orgânicos e brotinhos. Uma delícia, simples, com ingredientes fresquíssimos e crocantes. De cara já adorei e vi qual seria o tom do resto do jantar.
O aperitivo seguinte foi simplesmente o único atum que já gostei nessa vida! Atum, alga nori e angostura. Nunca fui muito fã de atum por conta de seu gosto forte de ferro. Este estava delicioso, firme e com um gosto super suave. Amei!
O próximo aperitivo foi uma carne de porco desmanchando e saborosíssima em uma pétala de cebola roxa. Excelente!
De arrancar suspiros, recebemos então uma rabada incrível sobre uma fatia de brioche. Incrível!
Finalizados os aperitivos, fomos para a nossa mesa que estava decorada com uma redoma que mostrava o ingrediente do dia. Milho negro.
Recebemos a primeira bebida de nosso menu harmonizado, o belo champagne brut rosé Ruinart.
Para fazer a transição entre os aperitivos e as entradas, recebemos um flan de milho com caldo de camarão. Muito leve e suave…
Em seguida a incrível beterraba com ricota de ovelha. Quanto frescor! Simples e perfeito…
Hora de receber a próxima bebida do menu, a incrível Saison à Trois da cervejaria Invicta. Com um gosto super interessante de capim-limão, sem ser perfumada demais. No bar, eles deram um toque de lima para acentuar esta característica.
Eis que chega um dos melhores da noite, a gema de ovo caipira com espuma de inhame e leite de coco, crocante de carne seca e pão quentinho. A instrução é misturar a gema com a espuma e mergulhar o pão nessa maravilha. Muito cremoso e divino! Amoooo ovo!!!
Mais um momento espetacular com a fresquíssima vieira, caldo de tutano e ervas. Gente, não dá para descrever a beleza desse prato. Sensacional!
A terceira bebida do menu foi um belo vinho branco Chablis Gautheron 2011.
Destaque neste momento para os belíssimos talheres…
Em seguida recebemos um tinto Beaujolais Château Cambon Récolte 2010.
Novamente o ataque do belíssimo atum, desta vez com brócolis, milho negro, brotos e caldo de ostra. Incrível o frescor e a textura de todos os ingredientes! A profundidade que o caldo de ostra trouxe ao prato é coisa de outro mundo. Sensacional!
Em seguida recebemos um prato com muita personalidade, o Beijupirá com missô e mini cenouras. Fiquei apaixonada por essas mini cenouras. Quero em casa, e agora, Rafa?!
A quinta bebida foi o vinho tinto Valdehermoso Roble 2011.
Um maravilhoso ojo de bife de Wagyu, pimentão vermelho e cebolinha assados. Simplicidade e sabor…
Quando achamos que partiríamos para a sobremesa, vem um agrado do chef. Malena disse que o Rafa quis que provássemos esse porquinho… Pois que bela surpresa! Uma carne realmente incrível! Uma costelinha suína com batata doce. Delícia!
Para fazer a transição para as sobremesas, recebemos uma bela seleção de queijos brasileiros e um mamão desidratado. Os queijos eram, da esquerda para a direita, Gran Paladare (Chapecó – SC), Serra da Canastra (MG) e Serra da Estrela (Petrópolis). O Serra da Estrela foi meu favorito. Potente e incrível!
A bebida para acompanhar as sobremesas foi esta belíssima sidra Charlotte Corday. Palmas ao Oliver pelo incrível menu harmonizado… Fantástico e com belíssimas surpresas.
A primeira sobremesa foi o sorvete de coco, coco queimado, farinha de coco torrado e mini coentro. Absolutamente leve e refrescante. Super diferente o toque do mini coentro na sobremesa. Eu nem gosto de coentro e achei incrível!
E a última sobremesa foi um bolinho de açaí, sorvete de açaí, farinha, banana assada e manjericão roxo… Sensacional! Sobremesa de gente grande. Novamente, ótima sacada com o manjericão roxo na sobremesa…
Já estava muito satisfeita, então nem consegui pedir café. Com certeza ficará para a próxima, pois fiquei curiosa para conhecer o café da Tassinari, marca carioca.
Foi com grande felicidade e satisfação que terminamos nossa memorável refeição no Lasai, que já abriu como um dos melhores do Rio e, não duvido, do Brasil. Como consequência natural, não dou muito tempo para que entre na lista dos 50 melhores do mundo da Restaurant Magazine e ganhe suas estrelas Michelin. Não que o objetivo seja este, mas é simplesmente um reconhecimento certo de um restaurante com este nível de elegância, simplicidade, e devoção aos ingredientes… Apaixonante! Meus parabéns à Rafa, Malena, Thiago, Oliver e a incrível equipe do Lasai!
Rua Conde de Irajá – 191, Botafogo
(21) 3449-1834 / (21) 3449-1854
Maysa
4 comments
Oi Maysa
Também sou fã dos restaurantes que servem vinho em taça ou em garrafas pequenas pois sou uma dessas que não bebe muito. Claro que eu prefiro aqueles que vem em garrafa pequena pois a garrafa de vinho servida em taças provem de uma que já foi aberta e consequentemente teve seu sabor alterado. Faço votos para que todas as casas adotem esse conceito.
Bjs
Dani
Oi Dani!
Pois é, achei isso muito bacana.
Parece que eles tem umas máquinas de conservação que tornam possível abrir o vinho sem prejudicar o sabor por alguns dias.
Muito legal!
Bjoss
Amei suas fotos! Tava procurando sobre esse restaurante no google e apareceu seu blog. Bjs, Fabi do loucos
Legal!!!
Ai, eu amei mot lá!!!! Penso em voltar toda semana… 🙂